quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O luxo

O luxo é a manifestação da riqueza grosseira que quer impressionar quem permaneceu pobre.
É a manifestação da importância que se dá à exterioridade e revela a falta de interesse por tudo o que seja elevação cultural. É o triunfo da aparência sobre a substância.
O luxo é uma necessidade para muitas pessoas que querem ter um sentimento de domínio sobre os outros.Mas os outros, se são pessoas civilizadas, sabem que o luxo é fingimento; se são ignorantes, admiram e talvez até invejem os que vivem no luxo. Mas a quem interessa  a admiração dos ignorantes? Aos estúpidos talvez.
O luxo é, de fato, uma manifestação de estupidez. Por exemplo, para que servem torneiras de ouro, se delas sai uma água contaminada?Não será mais inteligente, como o mesmo dinheiro mandar pôr um filtro de água e ter torneiras normais?
O luxo é, pois, o uso errado de materiais dispendiosos sem melhorias das funções.É, portanto, uma estupidez.
Naturalmente, o luxo está ligado à arrogância e ao domínio sobre os outros. Está ligado a um falso sentido de autoridade. Antigamente, a autoridade era o feiticeiro, que tinha ornamentos e objetos que somente ele podia ter. O rei e os poderosos usavam caríssimos tecidos e peliças quanto mais o povo se mantinha na ignorância, tanto mais a autoridade se mostrava coberta de riquezas.E ainda hoje, em muitos países, observam-se essas manifestações de aparências miraculosas.
Atualmente, porém, entre as pessoas sãs, procura-se o conhecimento da realidade das coisas e não da aparência. O modelo já não é o luxo e a riqueza já não é tanto o ter  quanto o ser (para citar Erich Fromm).
A medida que diminui o analfabetismo, cai a autoridade aparente e, em lugar da autoridade imposta, surge a autoridade reconhecida. No passado um cretino sentado num enorme trono podia, talvez, impressionar, mas hoje, sobretudo amanhã, espera-se que não seja mais assim. Desapareceram os tronos e as poltronas de luxo  para os dirigentes impostos , os móveis especiais para os chefes, as grandes cadeiras luxuosas colocadas em estrados de mogno, os ornamentos, as hierarquias e tudo o que servia para impressionar. 
Em suma quero dizer que o luxo não é uma questão de design.
                                                                           (Munari,Bruno.Das coisas nascem as coisas.)
beijo e continuem acessando :D

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